sexta-feira, 23 de maio de 2008


"Há três coisas de que eu gosto e os americanos não gostam: eu, Sean Penn e jazz." Woody Allen

Queria muito ver esse filme, mas ele ainda não chegou por aqui. Enquanto espero, vou lendo algumas coisas. Vai, abaixo, duas resenhas interessantes. A primeira traça, entre outras coisas, a ligação do livro de Krakauer, adaptado para o cinema pelo Sean Penn, com os filósofos transcendentalistas americanos Ralph Waldo Emerson e Henry Thoreau.

A segunda resenha foi publicada por Marcos Nobre, professor do Departamento de Filosofia da Unicamp, na Folha.



There is plenty of sorrow to be found in “Into the Wild,” Sean Penn’s adaptation of the nonfiction bestseller by Jon Krakauer. The story begins with an unhappy family, proceeds through a series of encounters with the lonely and the lost, and ends in a senseless, premature death. But though the film’s structure may be tragic, its spirit is anything but. It is infused with an expansive, almost giddy sense of possibility, and it communicates a pure, unaffected delight in open spaces, fresh air and bright sunshine.



Some of this exuberance comes from Christopher Johnson McCandless, the young adventurer whose footloose life and gruesome fate were the subject of Mr. Krakauer’s book. As Mr. Penn understands him (and as he is portrayed, with unforced charm and brisk intelligence, by Emile Hirsch), Chris is at once a troubled, impulsive boy and a brave and dedicated spiritual pilgrim. He does not court danger but rather stumbles across it — thrillingly and then fatally — on the road to joy.
In letters to his friends, parts of which are scrawled across the screen in bright yellow capital letters, he revels in the simple beauty of the natural world. Adopting the pseudonym Alexander Supertramp, rejecting material possessions and human attachments, he proclaims himself an “aesthetic voyager.”
Mr. Penn serves as both his biographer and his traveling companion. After graduating from
Emory University in 1990, Mr. McCandless set off on a zigzagging two-year journey that took him from South Dakota to Southern California, from the Sea of Cortez to the Alaskan wilderness, where he perished, apparently from starvation, in August 1992. “Into the Wild,” which Mr. Penn wrote and directed, follows faithfully in his footsteps, and it illuminates the young man’s personality by showing us the world as he saw it.















......Hoje, a mobilidade constante e a comunicação instantânea são trivialidades do cotidiano. O desemprego é crônico, e as denominações profissionais perderam sua nitidez. Famílias se decompõem e se recompõem das mais diversas maneiras.
Um filme como "Onde os Fracos não Têm Vez", dos irmãos Coen, conta como começou esse declínio.Retoma muito do road movie 68, mas não é por acaso que não tem trilha musical e que seu peregrino é um assassino profissional. Já o título do filme de Sean Penn ("Into the Wild", "Na Natureza Selvagem") é uma resposta à canção de abertura de "Sem Destino", "Born to Be Wild" ("Nascido para Ser Selvagem"). A natureza selvagem está dentro de nós. E a trilha de Eddie Vedder tenta reatualizar a união de música e imagem dos 1960 para dizer isso. Mas seu sentido é outro.
A rebeldia não é desafio direto ao mundo estabelecido, mas busca de um "si mesmo" obscurecido pelo tumulto da vida. A rebeldia não está em mudar o mundo, mas em mudar a si mesmo contra um mundo que impõe padrões predeterminados para se levar a vida.
Como a maior dessas imposições, o trabalho é cada vez menos realização pessoal e cada vez mais um meio para "se virar" e cuidar das coisas que realmente importam. O que quer que isso signifique para cada pessoa.
É fácil dizer que essa nova idéia de rebeldia é apenas ilusão porque não altera as estruturas. Isso é certamente verdade: as pessoas são tão móveis e flexíveis quanto o capital. Mas também desconfiam de grandes transformações tanto quanto do próprio capital.
É fácil dizer que essa rebeldia é apenas expressão de um individualismo extremado. Isso também é verdade: cada qual vem antes de todo mundo. Mas se mudança vier, virá com esse novo indivíduo e não contra ele.



2 comentários:

Anônimo disse...

"A rebeldia não é desafio direto ao mundo estabelecido, mas busca de um "si mesmo" obscurecido pelo tumulto da vida. A rebeldia não está em mudar o mundo, mas em mudar a si mesmo contra um mundo que impõe padrões predeterminados para se levar a vida."
Estamos tão "presos" a rotina e ao ideal de amor e família, que a falta de rebeldia nos impede de ver o mundo com outros olhos!
Abraços daquela que um dia foi tua aluna, Ana Emília

Flavio Williges disse...

Obrigado Ana Emília! A filosofia é a nossa estrada.

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