quarta-feira, 12 de março de 2008

Um libelo contra o mau gosto artístico-musical





Essa foto acima é um exemplo de um tipo de cultura musical podre, porém cada vez mais cultivada no Brasil. Uma das coisas que mais influencia a sensibilidade e o padrão de gosto é a educação. A educação brasileira tem negligenciado completamente a educação dos sentidos ou estética. Os resultados, todos já se deram conta, são desastrosos. Pessoas com pouco ou nenhuma educação estética são maus fruidores, maus apreciadores da boa arte. Como conseqüência, tratam o lixo como arte da melhor qualidade. Isso se mostra especialmente na música, mas também no padrão de gosto para filmes, livros de literatura e obras de arte, que são as formas de cultura mais acessíveis na atualidade.
De vez em quando ligo o rádio. Meu critério para que uma música mereça ser ouvida não é nada exigente: é beleza na criação e um pouco de conteúdo (na poesia ou letra). Beleza não significa necessariamente sofisticação e depende, em grande medida, do estabelecimento de um diálogo produtivo com a tradição musical já firmada, fazendo a tradição progredir, dando-lhe novos contornos, capturando, através da linguagem musical, a dor, a energia, nostalgia, os temas universais da vida e da época do homem. As estações de rádio costumam tocar os últimos sucessos do momento. Não sou contra a cultura pop. Ouço e gosto, quando é bom! O Brasil já criou bons grupos de música pop. Até onde me lembro, o Skank foi o último deles. Atualmente, no entanto, só tenho ouvido porcaria: uma mistura de balada nervosa com refrãozinho meloso, música de bailão, que depois de ouvir uma vez fica grudada na memória ....enfim, nada que seja fácil suportar.
O samba (antigo), a bossa nova, a MPB, o pop rock (Ira!, Barão, Titãs, Paralamas), Elis Regina, Chico, Caetano, os músicos do Clube da Esquina, a música nativa do Rio Grande e outras linguagens musicais do Brasil tornaram-se reconhecidas no mundo inteiro. Eles receberam apoio do rádio. Mas é inegável que eram bons em termos musicais. Nos nossos dias, o que sobrou desse movimento foi uma cultura espúria, de festa, sem identidade, que canta, como o homem de hoje, um romance solto, uma noite de amor, um beijo e fica comigo, essas coisas. Nenhuma vida está em jogo! Nada há para pensar. Fazem a vida parecer uma farsa e a arte um punhado de gritos soltos de artistas que não reconhecem seu papel social, que desprezam a força da cultura para a elevação do país e que promovem com seus hits batidos um massacre cultural.
Quem é o responsável por esse descaminho? A resposta mais evidente é o relaxamento educativo. Nossa cultura estética inexiste. Quantas de nossas escolas tem aulas sérias de música e arte no currículo? Quantas casas guardam espaço para um piano ou instrumento musical? Já disse isso uma vez: se cultivamos tanto nossas raízes européias, por que não imitamos os europeus nisso? Conheci cinco europeus nos últimos anos. Dois eram bons pianistas e todos tinham um ótimo gosto musical. Música é bonito, mas não dá dinheiro? Bom, e quem disse que devemos viver para ganhar dinheiro? A vida é feita para o engrandecimento do homem, para que possamos espiar o infinito, a eternidade. Existem muitos tipos de miséria. A miséria do corpo é ruim, mas a miséria do espírito é a pior de todas. Nossa carne é fraca. Muito fraca. Mas, ao invés de fortalecê-la, deixamo-la exposta às moscas varejentas. Quando vamos aprender a tornar o homem mais interessante, me digam?

sábado, 8 de março de 2008

PROGRAMAÇÃO CURSO SOBRE AMIZADE

19 de março Prof. Flávio Williges: O que significa ter um amigo? Cícero e as características da amizade
26 de marçoProf. Sérgio Schaefer: A concepção de amizade na Ética a Nicômaco de Aristóteles.
2 de abrilProf. Renato Nunes: A idéia da amizade no diálogo Lísis, de Platão
9 de abrilProf. Júlio Bernardes: A amizade segundo Thomas Hobbes.
16 de abrilProf. João Pedro Schmidt: Capital social e amizade na obra Bowling alone, de Robert Putnam.
23 de abrillProfa. Luciana Gruppelli Loponte: Amizade em Foucault: estética, ética e política.
30 de abrilProfa. Flávia Brocchetto Ramos: A amizade na literatura infantil, especialmente em Bartolomeu Campos Queirós.
07 de maio Prof. Norberto Perkoski: Em torno do livroA amizade, de Francesco Alberoni.
14 de maio Prof. Jorge Molina: A amizade segundo os estóicos, na Grécia antiga.
21 de maio Prof. Edgar Hoffmann: Sobre a amizade, nas Epístolas de Sêneca.
28 de maioProfa. Rosa Maria F. Martini: A amizade em Si mesmo como um outro, de Paul Ricoeur.
04 de junhoProfa. Eunice Piazza Gai: Fazes-me falta, de Inês Pedrosa, e o olhar de Montaigne.
11 de junhoProfa. Sandra Simonis Richter: A amizade, na obra de Giorgio Agamben.
18 de junhoProfa. Janes Teresinha Siqueira: Marx e Engels - O valor histórico de uma amizade em movimento
25 de junhoProf. Ricardo Mayer: Marcel Mauss e a teoria da dádiva.
02 de julhoProfa. Maria Helena Sant'Ana: Uma reflexão sobre a amizade segundo a antropologia cultural.
09 de julhoProfa. Ana Luiza Menezes: A amizade nos corpos infantis: um viver biocêntrico na educação Guarany.
16 de julho Profa. Susana Teresinha Más: É possível educar para a amizade?
23 de julho Prof. Felipe Gustsack: Linguagens da amizade na perspectiva biocêntrica: vivência e direito à ternura.
30 de julhoProfa. Suzana Albornoz: Políticas da amizade, Derrida.

REFLEXÃO SOBRE AMIZADE, CURSO DE EXTENSÃO, CURTA DURAÇÃO, NA UNISC.


quinta-feira, 6 de março de 2008

Colagem do http://scrapiteria.blogspot.com/



Nessa vida
Só uma coisa de importante resta.....
Espiar dentro de mim,
Ver amor numa fresta.

Escrito por Flavio Williges, em 2000, provavelmente.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Flores da Cunha e Honório Lemes

Foto dos feridos na batalha do Ibirapiutã, Alegrete, na Revolução de 1923.

Acabo de ler um pequeno diálogo travado entre o líder maragato Honório Lemes e o General Flores da Cunha, às margens do Ibicuí, por ocasião da rendição de Honório Lemes, em 1925, depois de muitos combates. É digno de nota:

"-General, finalmente, foi sua esta vitória. Como quer que o trate, de doutor ou de general?

-Pode me chamar apenas de doutor, uma vez que sou bacharel em ciências jurídicas.

-É melhor assim, porque nesses nossos tempos qualquer índio rude como eu pode ser feito general.

Honório fez menção de entregar a Flores seu revólver e a arma branca que trazia na cintura.

-Suas armas não. Não se tiram as armas de um gaúcho.

O que fez com que Oswaldo Aranha, que a tudo assistia ao lado de Flores da Cunha, empinasse seu cavalo e jogasse seu chapéu para cima gritando: "Viva o Rio Grande do Sul e um viva também a toda a nossa gente".

O texto encontra-se no livro Flores da Cunha, De Corpo Inteiro, de Lauro Schirmer.