domingo, 9 de agosto de 2009



Acabo de ler duas belas postagens do Saramago sobre Kafka e seu pai -melhor seria dizer sobre os conflitos de Kafka com seu pai. Pensei logo em meu pai e, naturalmente, em meus filhos. Além do clássico do Engels, não conheço muitos textos filosóficos dedicados às relações familiares, especialmente à reflexão em torno da difícil (no sentido da apreensão e noutros possíveis sentidos) figura do pai. De minha parte, tenho buscado, com todas as forças, fazer com que bons hábitos possam compor a mobília da alma de meus filhos, mas há sempre um risco de ser tendencioso e mal-compreendido.
Meu pai era o que se poderia chamar de um pai complicado, às vezes um péssimo pai. Ainda assim, amei-o tanto e amarei por toda a vida. Conheço pouco as forças que o moviam. A melhor lembrança que tenho dele era o abraço frágil, a relevância que atribuía ao estudo e um amor disfarçado na forma de orgulho incondicional em relação aos feitos "da piazada". Que falta ele me faz!