quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Era Lula: A configuração do poder sob a perspectiva da circulação de elites



Estou em campanha aberta a favor da candidatura da Dilma Presidente. O principal problema que enfrentei até decidir em quem votar foi realizar um "acerto de contas" consciencial com a gravidade dos escândalos de corrupção envolvendo o governo Lula. Até poucos dias, tal acerto de contas parecia uma realidade distante. Não havia, na minha cabeça, como votar num partido que repetia as práticas sujas da direita. Seguindo a dica do Prof. João Vergílio no Twitter, reproduzo, abaixo, parte do excelente artigo de Cláudio Couto, na Cult, que, se não estou enganado, oferece uma perspectiva adequada e lúcida de análise das dificuldades morais do governo Lula. A sugestão de Couto é que o reconhecimento (livre de ressentimentos) do erro da esquerda brasileira em apresentar-se como "baluarte da ética" representa um amadurecimento das opções políticas e das possibilidades abertas para candidaturas de esquerda e direita.


"Pode-se dizer que nos prestaram um favor os sucessivos escândalos da era Lula (tanto os que atingiram petistas como os que respingaram em seus opositores): guindaram-nos a uma política pós-ética, bem menos ingênua do que aquela que muitos (sobretudo eleitores petistas) acalentaram durante muito tempo. Nesse novo cenário, as preferências políticas podem se apresentar de forma mais clara (como o que de fato são) e talvez até sobre um espaço para que esquerda e direita voltem a se mostrar de forma nítida – mesmo sem estarem hoje tão distantes uma da outra, como já estiveram no passado".

Leia o artigo na íntegra aqui

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A utilidade da filosofia


"Seguidamente faria notar a utilidade desta Filosofia [a filosofia cartesiana] e mostraria que, uma vez que se estende a tudo o que o espírito humano consegue saber, devemos acreditar que apenas ela nos distingue dos mais selvagens e bárbaros, e que uma nação é tanto mais civilizada e polida quanto melhor os seus homens filosofarem: e assim, o maior bem de um Estado é possuir verdadeiros filósofos. Além disso, para cada homem em particular é útil não só viver com os que se aplicam a tal estudo, mas também que é incomparavelmente melhor que cada qual se aplique a ele, pois vale muito mais servirmo-nos dos nossos próprios olhos para nos conduzirmos e desfrutarmos, por seu intermédio, da beleza das cores e da luz, do que mantê-los fechados e dispor apenas de si próprio para se conduzir. Ora, viver sem filosofar é ter os olhos fechados e nunca procurar abri-los; e o prazer de ver todas as coisas que a nossa vista descobre não é nada comparado com a satisfação que advém do conhecimento daquilo que se encontra pela Filosofia". (René Descartes,  na Carta Prefácio ao tradutor francês dos Princípios de Filosofia).

Os Princípios de Filosofia foram dedicados à Princesa Isabel, primeira filha de Frederico, Rei da Boêmia, e originalmente editados em Latim em 1644. Em 1647 foram traduzidos para o francês pelo abade Picot.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Filosofia e amizade



Acaba de ser publicado um capítulo escrito por mim sobre filosofia e amizade no livro Ó meus amigos, Não há amigos! Reflexão sobre a amizade, organizado pelas Professoras Suzana Albornoz e Eunice Piazza Gai. Veja mais detalhes aqui.  O livro foi publicado numa parceria entre a editora Movimento/Edunisc e ficou muito bonito. Como explica Suzana na apresentação, o título faz referência a uma passagem de Aristóteles muito evocada (em especial por Montaigne) na história da reflexão sobre a amizade.
O livro é um resultado de um seminário de extensão organizado pela profa. Suzana na Unisc. Esse foi o segundo e bem-sucedido seminário organizado pela Profa. Suzana. O primeiro foi sobre filosofia e felicidade. Nos dois casos, as notas das palestras foram melhoradas e publicadas em formato de livro. Meu texto no volume sobre felicidade ficou um tanto técnico e distante do estilo aberto da obra. Nessa edição sobre a amizade, acho que acertei mais o teor da escrita, embora minhas notas não estejam lá muito macias. Mas meu trabalho seria, naturalmente, muito mais interessante se contasse com a elegância da Suzana, da Eunice e de outros colegas que participaram dessas duas belas edições. Fica minha tristeza por não contar mais com a querida Suzana (que deixou a Unisc, assim como o autor dessas frases) para organizar nosso próximo encontro. Quem sabe ele não venha a ocorrer noutras plagas e tenha como tema o amor e a filosofia....