quinta-feira, 30 de outubro de 2008


A Universidade é o lugar do saber, mas dentro dela se diz muita besteira e, de besteira em besteira, algumas viram, injustamente, verdade. Hoje em dia tornou-se comum, especialmente entre intectuais das humanidades, utilizar o adjetivo "cartesiano" como sinônimo de um pensamento filosófico dominado por uma atmosfera positivista, responsável pela compartimentalização do saber e outras desventuras do pensamento. Ouvi da boca de vários "doutores" bem formados esse tipo de acusação, como se nada além da expressão "cartesiano" fosse suficiente para condenar estratégias de análise e solução de problemas nessas áreas.
Eu, aqui no meu canto, devo dizer que quanto mais leio, mais me convenço do quão brutalmente enganosas são tais generalizações. Se não se pretende perder tempo conhecendo o sistema metafísico de Descartes, já seria profícuo se os acusadores de Descartes, esses magos dualistas especializados na rica sistemática de catalogação do bem e do mal, lêssem duas ou três páginas do tratado As paixões da Alma, pois tal leitura será mais do que suficiente para fazê-los reconhecer definitivamente que as coisas não são bem assim. Mas, como bem lembrava nosso filósofo, a vontade firme de conhecer o que é correto não é um bem fartamente distribuído no mercado humano.

"E, embora deva bastar aos que são por natureza um pouco mais lentos que, mesmo ignorando muitas coisas, possam ser sábios à sua medida, desde que retenham a vontade firme e constante de nada omitir que conduza ao conhecimento do que é correto e, além disso, de executar tudo o que julgarem correto, com o que se tornarão agradáveis no mais alto grau a Deus, no entanto, muito superiores são aqueles nos quais encontramos, juntamente com uma firmíssima vontade de agir, uma inteligência perspicassíssima e o máximo zelo em conhecer a verdade". (Carta Dedicatória a Princeza Elizabeth)

domingo, 26 de outubro de 2008

O futuro da filosofia


Não sei o que vai ser da filosofia no futuro, mas eu ando enlouquecendo com minhas descobertas sobre a filosofia feita no passado.

Não sei que caminho a humanidade vai tomar no futuro, mas acharíamos mais facilmente nosso estrada se olhássemos para trás.

Não sei, não sei, não sei. Um dia eu vou abrir a boca e desembuchar tudo, tudo mesmo, sem medo. Pode ser que ninguém acredite em mim ou pense que sou louco. Que seja! A vida é o que mesmo? (Trecho do Manuscrito inacabado de Bukowski)

sábado, 25 de outubro de 2008



Leia no Diario Gauche

Com o sistema financeiro em crise, a teoria marxista ganha novo fôlego. As vendas de O Capital, a obra maior de Karl Marx, estão “aumentando visivelmente”, disse Jörn Schütrumpf da editora Karl-Dietz-Verlag. A informação é da Agência France Press.

“Marx está de novo na moda e a procura das suas obras, em alta”, explicou Schütrumpf ao jornal Neue Ruhr Neue Rheinzeitung.

Segundo a editora de Berlim, o primeiro tomo de O Capital já vendeu este ano 1,5 mil exemplares, contra 500 em 2005, e as vendas vão continuar a aumentar até ao fim do ano, assegurou o editor.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008


Acordo, mas continuo dormindo.
Ando pela casa e a Chica não sai do meu pé.
A primavera em cores
Os dias nunca foram tão bonitos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


Apesar do relativo e sempre detestável stress que experimento quando faço qualquer apresentação pública, vivi bons momentos no XIII Encontro Nacional de Filosofia da Anpof, em Canela. Meus camaradas da UFRGS e de outras universidades tornaram possível compreender que a melhor coisa da vida, antes mesmo do trabalho, são as experiências de partilha. A lista das coisas significativas que fiz na vida não incluem, certamente, as comunicações nos vários encontros da Anpof. Já o convívio com os amigos está, seguramente, entre as melhores porções dos meus dias.


Algo, no entanto, me deixou triste. Soube que o Prof. Porchat (foto acima) não está muito bem de saúde. Tive a felicidade de ser aluno do Porchat através do convênio da UFSM com o mestrado da USP. Nossas aulas aconteciam numa pequena sala no subsolo do prédio da Filô, onde líamos, respondíamos questões e apreciávamos criticamente o belo livro do Stroud, The Significance of Philosophical Scepticism. Os estudiosos do ceticismo no Brasil devem muito aos belos trabalhos, aulas e orientações do Porchat; devem não apenas no sentido acadêmico, mas sobretudo pelo influxo da personalidade do mestre. Porchat é um professor brilhante, inesquecível, além de ser um doce de pessoa. Quando o conheci, em 93, ele já estava velhinho, mas lembro que afirmava categoricamente e com muito bom humor que "velhos são as pessoas que têm dois ou três anos mais do que eu". Certo dia fomos almoçar no restaurante dos professores da USP. Os preços do restaurante eram bem caros e ele fez questão de pagar para todos nós. Quando chegamos na sala de aula, depois do almoço, ele lembrou que havia esquecido de dar gorjeta para o garçom. Atrasamos a aula, voltamos para o restaurante e descobrimos que ele já havia dado gorjeta, mas não lembrava.

Espero que ele melhore logo e possa, novamente, participar dos encontros do GT ceticismo.
Leia uma boa resenha sobre o livro organizado em homenagem a ele no blog do Piva.