domingo, 15 de junho de 2008


moinho de versos

movido a vento

em noites de boemia

vai vir o dia

quando tudo que eu diga

seja poesia


Encontrei esse texto sobre bairros boêmios das cidades no animot, o blog amarelão do césar, que sempre tem coisas boas prá ka. Logo lembrei do Leminski, que anda em algum bar ou rua secreta de uma cidade esquecida. Tempos atrás escrevi algo parecido. Bem mais babaca, é verdade, mas escrevi. Chamava-se "viver a cidade" e anda circulando pela rede.

Não é possível quantificar o quanto a sociedade e a cultura devem à boemia.
Em todas as eras, em todos os países bem sucedidos, tem sido importante que ao
menos uma parte pequena da paisagem urbana não esteja dominada por banqueiros,
corretores, franquias, restaurantes genéricos, e terminais ferroviários. Esse
pequeno distrito deve, ao invés, ser a reserva de -- sem ordem especial --
insones e restaurantes e bares que nunca fecham; bibliófilos e as pequenas lojas
e bodegas que os alimentam; alcoólatras e viciados e desviantes e os
proprietários que os compreendem; aspirantes a pintores e músicos e os estúdios
modestos que podem acomodá-los; damas de virtude fácil e os homens que as
requerem; desajustados e poetas de praias estrangeiras e exílios de remotos e
cruéis ditadores. Embora não deva haver desvantagem em ser jovem em tal
distrito, a atmosfera não deve de modo algum desencorajar o veterano.

Christopher Hitchens, em 'last call, bohemia', um artigo para a vanity fair sobre a importância dos bairros boêmios para as cidades que prezam pela vida cultural/espiritual/intelectual/mental

2 comentários:

Bianca Backes disse...

Salve a boemia!

Flavio Williges disse...

É isso aí,salve a boemia ! O poema do Leminski que o blogger engoliu é esse:
"moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia

vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia"