segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As mulheres e a filosofia moral


Minhas melhores leituras em ética, nos últimos meses, tem sido de textos escritos por filósofas: Iris Murdoch, Annette Baier, Martha Nussbaum, dentre outras. As mulheres tendem a fornecer um tratamento mais abrangente da moralidade, um tratamento que envolve não apenas as questões relativas à decisão sobre o que é certo fazer, mas, ao lado disso ou contra esse tipo de tratamento, dão o devido destaque à  ligação das ações com a personalidade e a trajetória de agentes. Segundo Martha Nussbaum, no artigo Virtue Ethics, essa tendência de abordagem da ética pelas mulheres não é mera coincidência! Ela diz:
Eu creio que as experiências das mulheres permitem colocar, às vezes, questões e ênfases que estiveram ausentes na tradição masculina dominante em filosofia moral. [...] Por exemplo, não é  lá muito surpreendente que mulheres estejam na linha de frente do movimento que pretende tornar centrais, para a filosofia, a psicologia moral e o estudo da emoção e do desejo. Uma razão para essa ênfase é reativa: as mulheres foram frequentemente denegridas quando descritas como tendo uma suposta natureza emocional mais desenvolvida (greater emotional nature), de modo que uma forma de responder a isso poderia ser caracterizar melhor esses elementos da personalidade e, por exemplo, argumentar que eles não são crus, mas altamente sutis, que não são destituídos de pensamento, mas imbuídos de pensamento. Outra razão para a ênfase é que, comparativamente, as mulheres tem sido mais frequentemente encorajadas pela sociedade a dar atenção, cultivar e rotular suas emoções. Isso significa que elas estão frequentemente melhor situadas para empreender tal espécie de investigação. Por último, as mulheres tem frequentemente dedicado mais tempo do que os homens ao cuidado dos filhos, uma ocupação que promove  o contato diário, na criança e em si mesmas, com uma tremenda série de emoções e exige que se lide com isso de maneira responsável e sensível. (p. 176)  

2 comentários:

Ricardo disse...

Acho que ela tem uma certa razão. Mas creio que a tendência a valorizara as emoções foi também obra de muitos filósofos e não filósofos. Veja-se o caso dos romantismo tanto na filosofia como na literatura.
Considere-se também o caso de Aristóteles. Para esse as emoções jamais estariam fora da vida moral, mesmo o prazer, pois sem o prazer e a amizade não haveria vida moral.

Ricardo.

Ricardo disse...

Corrijo:
1) ...tendência a valorizar...;
2) Veja-se o caso do romantismo...