domingo, 14 de dezembro de 2008

Cartesiano




Quanto mais leio Descartes, mais gosto e mais lamento nossos métodos superficiais de ensino filosófico. Muita gente argumenta que fazer um curso de filosofia no Brasil não é a melhor maneira de aprender a filosofar. Eu já acho que fazer um curso de filosofia não é nem mesmo a melhor maneira de aprender o que os filósofos mais importantes pensaram. Para entender um pensamento é preciso entender o homem por trás do pensamento. Foi Nietzsche que disse que é preciso advinhar o pintor para entender o quadro. Essa tarefa exige tempo, exige intenção ou desejo de abertura, exige um espírito nobre...nada que combine com as fastidiosas disputas e investigações sobre o significado da frase x, do livro y.

"Seguidamente faria notar a utilidadade desta Filosofia e mostraria que, uma vez que se estende a tudo o que o espírito humano consegue saber, devemos acreditar que apenas ela nos distingue dos mais selvagens e bárbaros, e que uma nação é tanto mais civilizada e polida quanto melhor os seus homens filosofarem: e assim, o maior bem de um Estado é possuir verdadeiros filósofos. Além disso, para cada homem em particular é útil não só viver com os que se aplicam a tal estudo, mas também é incomparavelmente melhor que cada qual se aplique a ele, pois vale muito mais servimo-nos dos nossos próprios olhos para nos conduzirmos e desfrutarmos, por seu intermédio, da beleza das cores e da luz, do que mantê-los fechados e dispor apenas de si própria para se conduzir. Ora, viver sem filosofar é ter os olhos fechados e nunca procurar abri-los; e o prazer de ver todas as coisas que a nossa vista descobre não é nada coomparado com a satisfação que advém do conhecimento daquilo que se encontra pela Filosofia" (DESCARTES, R. Princípios de Filosofia. Lisboa: Edições 70, p. 16).

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