domingo, 18 de janeiro de 2009

Dame Iris Murdoch


Hilary Putnam descreveu Cavell como "um escritor que sempre fala para pessoas (individuals), e isto significa um em uma época. Ler Cavell como ele deve ser lido é fazer parte de uma conversação, uma conversação em que toda a sensibilidade dele e a sua estão envolvidas e não apenas a sua mente e a dele". No caso da Iris Murdoch, acredito que valem as mesmas palavras e poderíamos até ir mais longe. Iris não estabelece ou não se abre para nós na sensibilidade da conversação sincera. Ela reina sobre nós, pois fala de realidades intangíveis, realidades vívidas e esquecidas por cima de nossas cabeças. Ninguém ilustrou melhor que ela o dito de Emerson: "um homem é a fachada de um templo, no qual toda a sabedoria e todo bem residem".


"Que a vida humana não tem nenhum ponto externo ou telos é um ponto de vista tão dificil de defender quanto o seu contrário, de modo que simplesmente irei afirmá-lo. Eu não consigo ver nenhuma evidência que sugira que a vida humana não seja algo auto-contido. Existem realmente muitos padrões e propósitos dentro da vida, mas não há nenhum padrão ou propósito geral garantido externamente, da espécie que filósofos e teólogos procuram. Nós somos o que nós parecemos ser: criaturas mortais , transeuntes sujeitos à necessidade e mudança. Isso é o mesmo que dizer que não há, a meu juizo, nenhum Deus no sentido tradicional do termo; e o sentido tradicional talvez seja o único sentido.[...] Nosso destino pode ser examinado, mas nãopode ser justificado ou totalmente explicado. Nós simplesmente estamos aqui. E se há alguma espécie de sentido ou unidade na vida humana, e esse sonho nunca pará de nos perseguir, é de alguma outra espécie e deve ser visto dentro de uma experiência humana que não tem nada fora de si". (Iris Murdoch, The Sovereignty of Good, p. 77)

4 comentários:

Giovani Felice disse...

Flávio

Eu acho IM, e a passagem destacada mostra bem, excelente! Em especial, as coisas que ela escreve sobre Platão deixam a gente sempre com vontade de lê-lo mais.

Abração

Flavio Williges disse...

é Giovani, ela é uma grande mulher. Gostei muito desse livro dela. Vou encomendar outras coisas.
Abraço

Anônimo disse...

...Eu posso saber em que fonte inspiradora em que vcs andam
bebendo?

Cé S. disse...

Puxa Flavio, que trecho bem escolhido!