quarta-feira, 15 de outubro de 2008


Apesar do relativo e sempre detestável stress que experimento quando faço qualquer apresentação pública, vivi bons momentos no XIII Encontro Nacional de Filosofia da Anpof, em Canela. Meus camaradas da UFRGS e de outras universidades tornaram possível compreender que a melhor coisa da vida, antes mesmo do trabalho, são as experiências de partilha. A lista das coisas significativas que fiz na vida não incluem, certamente, as comunicações nos vários encontros da Anpof. Já o convívio com os amigos está, seguramente, entre as melhores porções dos meus dias.


Algo, no entanto, me deixou triste. Soube que o Prof. Porchat (foto acima) não está muito bem de saúde. Tive a felicidade de ser aluno do Porchat através do convênio da UFSM com o mestrado da USP. Nossas aulas aconteciam numa pequena sala no subsolo do prédio da Filô, onde líamos, respondíamos questões e apreciávamos criticamente o belo livro do Stroud, The Significance of Philosophical Scepticism. Os estudiosos do ceticismo no Brasil devem muito aos belos trabalhos, aulas e orientações do Porchat; devem não apenas no sentido acadêmico, mas sobretudo pelo influxo da personalidade do mestre. Porchat é um professor brilhante, inesquecível, além de ser um doce de pessoa. Quando o conheci, em 93, ele já estava velhinho, mas lembro que afirmava categoricamente e com muito bom humor que "velhos são as pessoas que têm dois ou três anos mais do que eu". Certo dia fomos almoçar no restaurante dos professores da USP. Os preços do restaurante eram bem caros e ele fez questão de pagar para todos nós. Quando chegamos na sala de aula, depois do almoço, ele lembrou que havia esquecido de dar gorjeta para o garçom. Atrasamos a aula, voltamos para o restaurante e descobrimos que ele já havia dado gorjeta, mas não lembrava.

Espero que ele melhore logo e possa, novamente, participar dos encontros do GT ceticismo.
Leia uma boa resenha sobre o livro organizado em homenagem a ele no blog do Piva.

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