terça-feira, 2 de setembro de 2008



Estive pensando nos restaurantes modernos, amplos, esses lugares onde almoçamos depois que a vida urbana instituiu o repasto público e ligeiro. Uma invenção pouco nobre que tem contribuído para tornar, como diria Madonna, o segundo prazer da vida um tormento.
Os restaurantes parecem linhas de produção de empresas. Foram esses restaurantes em linha que fizeram das refeições um processo mecânico de entrar numa fila, servir-se, pesar e comer sua comida pesada, em mordidas rápidas e despersonalizadas. Comer assim estraga o prazer da mesa e impede a manifestação da luz e a pureza dos frutos da terra.
Talvez por isso muitas vezes quando vou almoçar penso logo em ir embora....sinto falta de aconchego e amor. A comida não existe pra ser engolida. É um prazer intimista. Napoleão dizia que a mesa é o único lugar onde podemos permanecer por horas sem nos entediar. Por isso, prefiro os restaurantes mais quietos, mais familiares, cada dia mais raros, mas que ainda oferecem um lugar amigo pra ficar em silêncio e, quando o silêncio já não basta, oferecem um espaço para partilhar a dor e a alegria de viver.

5 comentários:

Cé S. disse...

Flavião inspiradaço --- discordo do Napoleão, me entedio na mesa --- talvez porque eu mesmo já sou uma espécie de produto em linha de produção, sei lá.

Flavio Williges disse...

Daqui uns dias, lá na Bahia, comendo a muqueca do Caranguejo, tu vai mudar logo de idéia....hehe!

Cé S. disse...

Cara, uma vez meu almoço foi um sanduíche em pão baguete que comprei em um boteco na Demétrio e comi enquanto subia a ladeira da Catedral Metropolitana --- e eu acabei o sanduichão antes do final da ladeira.

Como enquanto ando, como com uma mão usando o mouse com a outra, etc. Curto me mexer enquanto como, ao contrário do Napoleão :)

Flavio Williges disse...

Ah, sim, isso é legal! Preciso conversar mais contigo. Tu sempre me lembra do lado bom desse mundo vizinho. Adoro comer lixo enquanto estou dirigindo. Quase sempre vira uma meleca de refri, café, migalhas de pão ou pastel. O Bruno também gosta. Quando busco ele nos finais de semana, no meio da comilança, vivemos uma troca mística de pai e filho. Depois que descobri que ele gostava muito de andar comigo de carro, encontrei uma pesquisa onde várias crianças dizem que a parte do dia que mais gostam é quando o pai as leva para a escola de carro. Eles estão sozinhos e conversam bastante, sem briga e stress. pô, valeu ter me lembrado disso.

Flavio Williges disse...

Esqueci de dizer...gosto daqueles baguetão das banquinhas do Carrefour.