De baixo para cima os poetas Ivan Junqueira, Roberto Piva, Stella Leonardos.
O MaxSevero comentou que teria interesse em publicar um livro de poesia comigo. Respondi a gentileza do convite dizendo que mandaria para ele o que eu tinha escrito até hoje. Reluto muito em mostrar publicamente o que escrevo. Só mostrei algumas poesias minhas pra Marta, o Bruno e alguns amigos chegados. Bom, a verdade é que me encontrava, até ontem, animado com a proposta. Mas aí dei uma passeadinha pela internet buscando "poesia brasileira contemporânea" e me deparei com um bando de poetas da mais alta linhagem. A lista de bons autores que se pode percorrer é enorme. Resumindo o conto: não tenho mais vontade de publicar nada. Destaco três poemas que encontrei e gostei muito. O primeiro é do Roberto Piva, o segundo Ivan Junqueira, que faz parte da Academia e o terceiro de uma moça chamada Stella Leonardos.
O Inferno Musical
As horríveis pianolas
de câncer
descendo várias semínimas
até o Galo
ondas do meu agrado
& sempre
sonorizando a Hora Premeditada
OS QUINZE VELOCÍPEDES
NA LADEIRA
DO AMOR
como um Mar de bocas
tóxicas de Sagitário
ondulando nas almas
que dançam despidas
MONSTROS GIRATÓRIOS
ROBERTO PIVA - Piazzas (1964)
********
Hoje
Ivan Junqueira
A sensação oca de que tudo acabou
o pânico impresso na face dos nervos
o solitário inverno da carne
a lágrima, a doce lágrima impossível...
e a chuva soluçando devagar
sobre o esqueleto tortuoso das árvores
******
ESPELHOS
Stella Leonardos da Silva Lima Cabassa (Rio de Janeiro RJ, 1923)
É mancha de tinta
ou pele manchada?
É poeira em camada
ou pele que escama?
É pingo de roxo
ou sangue pisado?
É raiva de um rosto
ou rictus de máscara?
É imagem disforme
ou espelho infamante?
É mais que grotesco:
é face de drama.
É o trágico doendo:
um monstro se olhando.
Abaixo o que espelha!
Cristal, água, lâmina.
Um comentário:
Criança de Ouro!
Andei na virtude e no defeito ao leo
Tenho sempre um menino no coração
Tenho sempre uma nova canção
Um dia quando feliz você plantou um jardim pra mim
Como posso esquecer o meu nome naquela lápide
Como posso esquecer seu nome naquela árvore
Como posso esquecer as confissões... naquela valsa embalou.
?
?
?
Postar um comentário